Fiscais do Sarney

Sarney 2.0: Bolsonaro “reedita” Sunab através do Ministério da Justiça

O Ministério da Justiça do governo do presidente Jair Bolsonaro, comandado por André Mendonça, decidiu atuar nesta quarta-feira (9) contra os supermercados em meio ao aumento de preços e à retenção de produtos. A atuação do ex-capitão diante dessa crise tem sido comparada com a do ex-presidente José Sarney.

Segundo informações do jornalista Murillo Camarotto, do Valor Econômico, a Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon), do Ministério da Justiça, deu cinco dias para supermercados, cooperativas de alimentos e associações justificaram o aumento nos preços. Caso a Senacon entenda que há preços abusivos, multas de até R$ 10 milhões podem ser aplicadas, segundo a entidade.

Quem falou nessas possíveis punições foi a chefe da Senacon, Juliana Domingues, que não comenta sobre a possibilidade da atla dos preços ter surgido em razão do aumento das importações por contra da desvalorização do real. “Não podemos falar em preços abusivos sem antes avaliar toda cadeia de produção e as oscilações decorrentes da pandemia”, afirmou.

Segundo o Valor, foram enviados ofícios aos supermercados pedindo explicações sobre quais os produtos da cesta básica tiveram maior variação no último mês e os três itens com maior reajuste. Além disso, as redes terão que mencionar os três principais fornecedores, o preço médio nos últimos seis meses e apresentar notas fiscais. Produtores também terão que detalhar as variações de preços.

A estratégia do Ministério da Justiça parece um pouco divergente da adotada pelo Ministério da Economia, encabeçado por Paulo Guedes, e pelo Ministério da Agricultura, comandado pela ruralista Tereza Cristina. Segundo o colunista Vicente Nunes, do Correio Braziliense, o governo ainda estaria montando uma “tropa de choque” para monitorar preços.

Nas redes sociais a atuação do governo tem sido comparada com a do ex-presidente José Sarney durante o Plano Cruzado. O uso da Senacon para multar comerciantes e a formação de uma tropa relembra em certa medida a Superintendência Nacional de Abastecimento (Sunab), que criou os “Fiscais do Sarney”, que iam às ruas aplicar multas. O órgão foi extinto em 1997. (Revista Fórum)

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