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Lava Jato chega perto dos crimes de Sarney na construção da Ferrovia Norte-Sul

O ex-presidente José Sarney deve ter ficado apreensivo com as prisões do empresário Jader Ferreira e do seu advogado na manhã desta quinta-feira (25), alvos da Operação De Volta aos Trilhos, desdobramento da Lava Jato, que investiga crimes de lavagem de dinheiro decorrentes do recebimento de dinheiro ilícito nas obras da Ferrovia Norte-Sul. Jader é filho do ex-presidente da Valec, José Francisco das Neves, o Juquinha das Neves, apontado como operador da propina destinada ao grupo Sarney por meio de fraudes na execução da obra.

Esquemas envolvendo a família Sarney e fraudes na construção da Norte-Sul não são novidade. A obra se estende há mais de 30 anos e nunca foi concluída. De acordo com delatores da Lava Jato, o grupo político de Sarney teria recebido 1% em propinas da Odebrecht.

Junto com a esposa e o filho, Juquinha da Neves, laranja responsável pelo recebimento da verba ilícita destinada ao clã Sarney, foi condenado em 2017 a 10 anos e sete meses de prisão por lavagem de dinheiro e formação de quadrilha. Apesar de condenados, segundo denúncia do Ministério Público Federal (MPF), pai e filho continuaram a lavar dinheiro da propina obtida com a ferrovia.

Juquinha da Neves foi indicado pelo próprio José Sarney, quando ele já estava afastado da Presidência da República, para o cargo de presidente da Valec, empresa estatal responsável pela construção da Norte-Sul.

Quando foi preso pela primeira vez em 2012, a Polícia Federal conseguiu gravações em que Juquinha afirmava a interlocutores que o então senador Sarney o bancava junto ao ministro dos Transportes. Em diálogo gravado no dia 20 de outubro de 2011, Juquinha diz a um assessor da Valec ter recebido a informação de que não haveria mudanças no ministério pois “estão com medo de afrontar o chefão”, apontado pela PF como Sarney. “O povo não quer afrontar nosso amigo”, disse.

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