Coronavírus

Cidades em que Bolsonaro venceu em 2018 têm mais mortes por covid, diz estudo

Cidades em que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) ganhou o 2º turno das eleições de 2018 apresentaram um maior número de casos e mortes por covid-19 do que aquelas em que ele perdeu. Cidades que tiveram mais de 51% dos votos para Bolsonaro registraram números de casos até 299% maior e até 415% mais mortes um ano depois do início da pandemia.

Os dados são de um estudo realizado pelo Insper (Instituto de Ensino e Pesquisa), Ibmec (Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais) e pela Universidade de Toronto. A pesquisa ainda está em fase de “preprint”, ou seja, ainda não foi verificada por outros pesquisadores e foi publicada em 29 de abril. Eis a íntegra (1 MB).

O estudo considerou os dados do Brasil.io, um repositório de dados públicos, sobre todas as 5.570 cidades brasileiras. Os dados sobre a votação nas cidades foram retirados do TSE (Tribunal Superior Eleitoral). As informações são referentes ao período de 25 de fevereiro de 2020 a 18 de fevereiro de 2021.

A análise desses dados levou os pesquisadores a concluírem que o discurso de Bolsonaro sobre a pandemia e as medidas de controle influenciou no comportamento das pessoas. Exemplo disso é que 2 meses depois do pronunciamento do presidente em 8 de abril de 2020, as cidades em que ele venceu a eleição tiveram 141% mais casos e 164% mais mortes do que as outras cidades.

Naquele pronunciamento, Bolsonaro afirmou que as medidas adotadas em Estados e municípios contra a pandemia eram de responsabilidade dos gestores locais. De acordo com ele, o seu governo não tinha ligação com as restrições. Ele também defendeu o uso da hidroxicloroquina contra a covid-19. Não existem estudos conclusivos sobre a eficácia do medicamento no combate ao coronavírus.

Para os pesquisadores, as falas de Bolsonaro tiveram influência no avanço da doença. Eles afirmam que a influência que os discursos políticos têm sobre o comportamento social é uma área que já foi estudada durante o século 20. E a liderança brasileira é um exemplo disso.

“Em quase todas as oportunidades que teve de se comunicar com os brasileiros, ele [Bolsonaro] minimizou os efeitos da doença, promoveu convivência, minimizou a importância do distanciamento social e da higiene pessoal, apoiou tratamentos médicos sem comprovação científica de eficácia“, diz o estudo.

Para os pesquisadores, a posição de Bolsonaro sobre as medidas de proteção contra o coronavírus está diretamente ligada à situação pandêmica e ao fato do país ser visto como um celeiro de variantes. De acordo com o Ministério da Saúde, até a 4ª feira (6.mai), o Brasil registrou 14.930.183 diagnósticos de infecção e 414.399 vítimas da covid-19.

Do Poder 360

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