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Sermão aos Peixes: Justiça bloqueia imóveis do sobrinho de Ney Bello

O Globo

A Justiça Federal do Maranhão decretou o sequestro e a indisponibilidade de 10 imóveis do advogado Ravik de Barros Bello Ribeiro, filho do desembargador federal Cândido Ribeiro e sobrinho do também desembargador Ney Bello, ambos que atuam no Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1), ao qual a Justiça Federal do Maranhão está submetida. Ravik é suspeito de obstrução de Justiça no âmbito da Operação Sermão aos Peixes, que investiga um esquema de desvio de recursos federais destinados a saúde do estado do Maranhão durante a gestão da ex-governadora Roseana Sarney (MDB).

O GLOBO teve acesso a decisão sigilosa da investigação que revela, pela primeira vez, como o advogado de um dos investigados entrou no rol de suspeitos da investigação, que é julgada na segunda instância pelo TRF-1. A suspeita é de que Ravik tenha ajudado seu cliente, um empresário investigado pela Polícia Federal (PF), a dilapidar o patrimônio e desrespeitar uma decisão judicial ao transferir os imóveis para seu defensor.

O escritório de Ravik foi alvo de buscas da PF no último dia 18 de outubro, em mais um dos desdobramentos da Sermão aos Peixes. Além disso, na mesma decisão que autorizou as buscas, o juiz substituto Luiz Régis Bomfim Filho, da 1ª Vara Federal do Maranhão, determinou o sequestro e a indisponibilidade de 10 imóveis que Ravik recebeu de Emílio Rezende, seu cliente.

O empresário, acusado de participar do esquema de fraudes, atualmente é réu na Justiça Federal do Maranhão em duas ações penais decorrentes da Sermão aos Peixes. Ravik é seu advogado em ambas.

O advogado também teve seu sigilo telefônico quebrado ao longo da investigação. Após as buscas em seu escritório, a corregedora do TRF-1, desembargadora Maria do Carmo Cardoso, determinou que o material apreendido nas buscas no escritório de Ravik fique lacrado e acautelado na Justiça Federal para preservar o sigilo do advogado com seus clientes.

As transferências de imóveis, segundo a PF, superam os R$ 4 milhões, se considerados os valores de mercado dos bens. Os valores chamaram a atenção dos investigadores porque Ravik já havia recebido pagamentos da empresa de Rezende no âmbito da operação. Para o juiz Bomfim Filho, a justificativa de que os imóveis foram uma forma de pagar honorários “aparenta inverossímil, diante de anteriores pagamentos pelos serviços advocatícios”, assinalou o magistrado na decisão que determinou o sequestro dos imóveis.

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