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Temer arrega de tentar reeleição e MDB terá Meireles como candidato à presidência

Do UOL

O presidente Michel Temer (MDB) confirmou nesta terça-feira (22) que não disputará a reeleição e Henrique Meirelles será o candidato do MDB à Presidência nas eleições de outubro deste ano. Meirelles foi ministro da Fazenda de Temer e lançou sua pré-candidatura no início de abril. O partido também lançou nesta terça o programa de governo “Encontro com o Futuro”.

Em determinado momento do discurso, ao comentar os feitos de seu governo, Temer disse esperar que Meirelles pegue o comando do país com “tranquilidade absoluta” e desejou que o ex-ministro seja o único candidato de centro nas eleições.

“Tenho enorme prazer de dizer que ficarei orgulhosíssimo se um dia Meirelles for proclamado, pelo voto popular, presidente da República Federativa do Brasil”, declarou. Ao que o público presente aplaudiu a frase, mas sem o entusiasmo desejado, Temer ponderou que é preciso “animar um pouco o auditório”.

“Meirelles, você tem todas as condições para estar à frente não só de nosso partido, mas da própria campanha eleitoral e, naturalmente, será uma surpresa.”

Temer foi enfático ao dizer que o MDB deve obrigatoriamente apoiar a candidatura de Meirelles e que não há espaço para divergências internas que possam prejudicar a campanha. Ao contrário, disse, o descontente deverá se desfiliar do partido.

“Pode haver divergência, mas divergência que será resolvida até a convenção nacional. Mas, vamos parar com essa história de ‘ah, não. Mas eu não. Eu vou para tal lugar. Eu não apoio o Meirelles. Eu não apoio fulano.’ Não pode. Então, saia do partido! Não é verdade? Não é possível isso aí. Temos de ter unidade absoluta”, determinou.

Tanto Romero Jucá (MDB-RR) quanto Meirelles alegaram que Temer não desistiu de ser candidato à reeleição. Segundo eles, o MDB é que escolheu Meirelles. Agora, disse Jucá, o MDB se esforçará para atrair os demais partidos de centro.

A pluralidade de pré-candidatos à Presidência da base aliada do governo preocupa o MDB na medida em que os votos desses eleitores possam se dissipar e acabar ajudando a eleger um candidato de esquerda, como Lula (PT) ou seu sucessor, ou de extrema-direita, como Jair Bolsonaro (PSL).

“[A escolha por Meirelles] Foi um gesto afirmativo. Portanto, agora é uma questão de trabalhar. A união dos demais partidos agora começa a ser conversada. […] Se [eu] for [o único candidato de centro] no primeiro turno, excelente. Se não for, temos segurança de que seremos no segundo turno”, declarou.

Meirelles já era dado como certo dentro do MDB. Ele tem intensificado visitas a parlamentares do partido e ajudou a escrever o texto do “Encontro”.

Algumas das vantagens de Meirelles perante Temer, que cogitou por um tempo ser candidato à reeleição, é a menor rejeição da população ao seu nome, a possibilidade de poder bancar toda sua campanha com recursos próprios – liberando verba para deputados e senadores – e a flexibilização de dissidentes de Temer no MDB poderem fazer alianças regionais junto a partidos de esquerda, como o presidente do Senado, Eunício Oliveira, no Ceará.

Por ter sido presidente do Banco Central no governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Meirelles é visto como esperança do MDB para conseguir votos de simpatizantes do petista, atualmente preso e proibido de participar do pleito deste ano.

Questionado se Temer é um bom cabo eleitoral e como este atuará em sua campanha, Meirelles inicialmente desconversou afirmando que o presidente, no exercício da função, ainda tem sete meses pela frente. Portanto, terá de se concentrar no trabalho do Planalto.

“Olha, o presidente certamente será um cabo eleitoral positivo, porque ele está realizando. O governo está mostrando crescimento, criação de emprego, renda, e os resultados falam por si só. É importante dizer também que o meu histórico é um histórico de uma reputação inquestionável”, argumentou Meirelles.

Em seguida, porém, o pré-candidato do MDB afirmou que seu palanque abrigará todos aqueles dispostos a apoiá-lo e Temer “certamente participará dos eventos que ele julgar adequado na hora certa”.

Alianças estaduais liberadas

Em entrevista à imprensa após o anúncio, o senador Romero Jucá disse que as alianças estaduais estão liberadas e o MDB deverá estar em palanques que defenderão mais de um candidato à Presidência.

Indagado pelo UOL sobre a situação dos senadores dissidentes Renan Calheiros (AL), Roberto Requião (PR) e Eunício Oliveira (CE), que são contrários à candidatura presidencial própria, Jucá falou respeitar, embora não concorde, os dois primeiros. Em relação a Eunício, justificou a dissidência por coligações locais.

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