As chances de Ciro enfrentar Alckmin no segundo turno
Coluna do Fraga
Ciro tem dito isso com alguma frequência, o que, no fundo, pode representar apenas um desejo. Talvez, na sua visão, o governador seja um alvo mais fácil a ser vencido, ou pode ser uma vontade de vingar-se do PSDB paulista, que nunca demonstrou grande afeição por ele.
Ou, as duas coisas.
Mas, as condições atuais de temperatura e pressão permitem que Ciro faça um raciocínio dessa natureza, sem parecer mais uma baboseira de quem não consegue conter a língua.
Com Lula impedido de concorrer, o velho embate entre PT e PSDB, que dominou a política brasileira nas últimas sete eleições, pode, finalmente, acabar.
Os petistas não têm plano “B” por que simplesmente nunca existiu um plano “B”. O partido sempre sobreviveu a reboque de Lula. Nesses anos todos, nenhum petista conseguiu luz suficiente para entusiasmar os que não são convertidos. Os nomes cogitados, agora, são nanicos demais para a tarefa que se apresenta.
Celso Amorim é um diplomata que entende muito de cinema.
As pesquisas indicam que, mesmo sem exercer qualquer cargo público há muitos anos, Ciro mantém um eleitorado cativo e parrudo. Depois de Lula é, sem dúvida, a principal liderança da esquerda brasileira.
Percebendo o desmoronamento das hostes petistas, Ciro tem feito discursos mais radicais, com a intenção, óbvia, de aglutinar o campo da esquerda, ainda atordoado pela ausência inescapável da foto de Lula em 7 de outubro.
Não será uma tarefa fácil, mas Ciro Gomes não delira quando fala da possibilidade de estar no segundo turno com Geraldo Alckmin (ou com outro candidato). O PT sabia que a dependência extrema de Lula um dia cobraria a conta.
A hora pode ter chegado.
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