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Por Sarney, Temer recua mais uma vez

Blog do Noblat – Houve presidente da República – mais de um – que disse não decidir sob pressão. Que não admitia pressão. Ou sentia-se livre para decidir ou simplesmente não decidia. Acima de tudo estava sua vontade. Fernando Collor foi um deles. Comportou-se assim até perceber que estava para cair. Quando começou a ceder já não havia tempo.

Também houve presidente que pode até não ter dito, mas que só decidia sob pressão. Atribui-se a José Sarney uma frase que não é dele e que ninguém assume como sua: “50% dos problemas não têm solução, portanto, para que se preocupar com eles? Os outros 50% se revolvem sozinhos”. Sarney decidia preferencialmente sob pressão.

Michel Temer funciona sob pressão. Talvez com uma diferença em relação aos demais que procederam assim: sob pressão, decide e depois recua da decisão, decide e depois recua, com uma sem cerimônia exemplar. Dá provas fartas disso desde que substituiu Dilma, essa, sim, refratária contumaz a decidir sob pressão e a fazer concessões à vontade alheia.

Há recuos de Temer vexaminosos, e ontem houve mais um. Como deve muito a Sarney, desistiu de nomear o deputado Pedro Fernandes (PTB-MA) como novo ministro do Trabalho. Fernandes, no seu Estado, é da turma do governador Flávio Dino (PC do B) e faz oposição a Sarney e à turma dele. Por mais que negue, Sarney vetou sua nomeação.

Justamente na hora em que Temer mais precisa de votos para tentar aprovar em fevereiro próximo a desidratada reforma da Previdência, ele preferiu desgostar parte da bancada do PTB na Câmara a desgostar Sarney, “um homem incomum” na definição de Lula. Sarney saiu-se com uma frase que é ele em estado puro:

– Vocês me atribuem muito mais importância do que eu tenho.

Vocês, não, cara pálida. São seus parceiros que lhe devem tantos favores.

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